Páginas

O amor é coisa maluca

Publicado em Poemas
Paranaguá, 1991


O amor é coisa maluca,
enigma que nos escapa:
faz bem, mas tanto machuca
se vem ou quando se acaba.

O amor nos preenche e frustra,
assusta e também atrai:
ou tanto ele atrai, que assusta
ou tanto que assusta, atrai.

O amor vem de dentro e sai
ou sai lá de fora e vem,
o amor é um vai-não vai,
o amor, ele vai e vem.

O amor é algoz e presa:
trata aqui e ali maltrata;
se alguém quer, a alguém despreza;
o amor faz nascer e mata.

Nada e ninguém se compara
a tão estranha criatura:
junta pó, faz pedra dura,
une tanto e após separa.

O amor é muito guloso
bebe a alma fascinada
come a carne e come o osso
tudo quer, não deixa nada.

Mas também é generoso,
tudo dá, não pede nada,
com o calor mais precioso
brinda a alma abandonada.

Amar é ter uma asa
buscando outra e ser duas,
às vezes descansa em casa
e outras voa pelas ruas.

O amor é uma coisa doida
que por aí anda à toa,
às vezes é tão doída
e outras tantas, muito boa.

O amor é essa loucura,
de fato é deus bem criança:
só encontra o que não procura,
busca só o que não se alcança.


Nenhum comentário:

Postar um comentário