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Eu e meu corpo somos assim: ele concreto e pouco

Publicado em Poemas
Barra do Itabapoana, 1982


Eu e meu corpo somos assim: ele concreto e pouco
eu de puro e longo desejo.
Nele eu só vejo perto, sem ele
habito como um louco toda coisa que está distante
e não me protejo.

Diante de nós, em torno
há um deserto enorme e de puro fato.
Ali habitamos nós, o corpo e seu eu informe
abstrato e branco.
Somos o eremita sem nome.
Meu corpo é a forma, o contorno
onde entro eu e me tranco.

Vista de longe, iluminada ao meio
a Lua parece partida,
pareço perdido em meu curso imenso... Lêdo engano!
Somos um.
Em nosso fluxo estranho
existe sombra, silencio, segredo e sonho
mas temos que ser um monge, um bruxo, um demônio
pra ficarmos assim, sem medo.


Obs.: este poema inclui a seguinte colagem:
Eu e meu corpo somos assim: ele concreto e pouco

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