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Uma roça em Itambi

Publicado em Poemas
Itambi, 1981


Tem um ano nóis cheguemo,
mes de Junho ia em meio,
nóis plantemo um bucado,
trabaiemo memo feio
e era tanta a tiririca
que nóis teivemo o receio
de ficá rancando ela
pro resto do ano intero.

Os musquito parecia
o capeta num disfalrce,
pinicavam té em sonho
o pirnilongo nu era fácir.
Mas tiremo desse chão
adonde só o mato narce
a taioba, o nabo, a corve,
pimenta, maxixe e arface.

Os purgão, os marimbondo
fizero uma farafunda
se ajuntaro cuas lagarta
e nossa horta quase afunda.
As furmiga cumbinaro
pra atacá todinhas junta,
caminhá pur nossas perna
e biliscá as nossa bunda.

Nóis tivemo que mostrá
que nóis era home de raça
e ispantemo aqueles bicho
no trabaio e na pirraça
d dispôs cumemoramo
cum Eliana, Vânia e Graça,
com churiço, pexe e guando,
mais tres litro de cachaça.

Só guardada no purão
inxada num perde o cabo,
os calo da mão dói tudo
mas nóis nunca fica brabo.
Memo assim num disistimo
e derrotemo o Diabo,
cresceu muitos pé de milho
e tá assim os de quiabo...


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